Minha agenda é um rascunho de poemas inacabados Meus dias são escritos em linhas tortas Onde Deus não incide Dias de um calendário que já não está mais aqui Onde fui parar? Que endereços são estes que me esqueci de onde ficam? Perdi-me Horas, dias que não são mais eu Não mais sou (Não mais sou?) arte: Daniel Rodrigues Frases que não querem se concluir Poesias que se prendem ao papel E nunca, nunca, jamais!, tomar vida As folhas são sua casa E, fechadas, no calor das páginas unidas, podem se eternizar naquilo que nunca foram Outras dessas, porém drummoniamente Se libertam descolaram-se Ilíadas temerosas Ansiosas para serem invadidas de sentido E que, hoje, olham para o ventre de onde saíram e quase não se reconhecem “Eu fui eu?”, perguntam-se com espanto É de se espantar Meses repetitivos, que não mais se repetem Me angustia, mais do que tudo, não compreender palavras que eu mesmo escrevi O que contém ali? Quem eu era naquela hora, ali, quando a can